quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um Backy triste.

Cheguei na sala na segunda e vi o Backy triste. Sua namorada não estava sentada ao seu lado. Fiquei pensando o que teria levado ele a ficar com uma expressão tão digna de pessoas que não gostam dos backys. Só descobri o motivo quando a Gabriela, sua namorada, entrou na sala de não sentou-se do seu lado. Ela nem ao menos se virou para trás para olhá-lo.

Durante o intervalo ela permaneceu fora da sala e ele dentro, a mesma fisionomia triste e desiludida. Então ele recebeu uma mensagem, sorriu e saiu saltitante da sala (como nos clipes dos becky). Voltou tarde pra aula e não foi com a Gabriela como eu pensava. Fiquei pensando o que teria levado para os dois brigarem. Será que gabriella disser que não gostava do desenho infantil e teria ferido o seu coração?

Na saída da aula os dois estavam do lado da sala, discutindo a relação. Hoje já estava tudo bem. Será que Gabriella apresentou Restart para ele?

Oi tio, me dá uma bala?

Foi no semestre passado. O ônibus da faculdade estava voltando e sentou-se do outro lado do corredor um cara com um pacote de balas de goma, aquelas de minhoca. Bem, eu adoro essa bala e óbvio que senti vontade de comer e mais óbvio ainda não tinha um pacote daqueles. Não sou o tipo de pessoa cara-de-pau ou totalmente impulsiva. Sei que quando me dei conta, estava virada pra trás, gritando para os meus amigos:
-Oi, alguém tem bala de goma?
Claro que foi uma indireta pro cara que tinha o pacote das balas. Ele olhou pra mim com uma cara de quem não gosta muito de compartilhar as coisas com estranhos e disse:
-Quer uma bala?
Eu peguei umas 5.
O fato é que ontem estava eu sentada na minha poltrona e o ônibus estava lotado. O cara das balas é sempre o último a entrar no ônibus, logo se viu obrigado a sentar-se do meu lado. Depois de cinco minutos tirou um pacotinho de bala, não as que eu gosto, e me ofereceu. Eu não aceitei. Depois fiquei pensando que na primeira vez que o cara me ofereceu bala ele devia ter pensado que eu era louca ou hipoglicêmica pelo modo como gritei. Pensei que fui burra negando da segunda vez. Eu podia ter dito:
-Aceito sim porque sou hipoglicêmica e, sabe como é, não tenho dinheiro pra comprar doce todo o tempo.
Quem sabe o cara teria se comovido e na próxima vez que me encontrasse me daria unm pacote de balas daquela que eu gosto.
Fui burra.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Atoa.

Aí tem essa menina chata que vai de ônibus comigo pra faculdade. E infelizmente volta. Ela grita o-tempo-todo no caminho. As pessoas que querem dormir se sentam na frente. A parte de trás do ônibus fica pra quem bebe cerveja e conversa. Quem quer ler geralmente senta no meio. Aí ela sente na frente ou no meio pra conversar. Só que ela não conversa, ela grita. Ri o tempo todo, fala de coisas idiotas o tempo todo e não se toca o tempo todo.
Esses dias tinha apresentação de trabalhos na aula de segunda. Cada grupo tinha que apresentar de um modo diferente o que havia entendido de determinado texto. Vídeos, teatros e cartas. Descubro que a menina gritalhona do ônibus é minha colega de segunda. Ela vai até o quadro da sala de aula, desenha um cruz e ao invés de falar "ateu" fala "atoa".
Bem, nunca tinha passado pela minha cabeça que ela seria inteligente.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Final do primeiro semestre na faculdade, palestra sobre fotografia, sala lotada. Sento na minha cadeira desconfortável e pego o livro "O Colecionador", John Fowles, para ser finalizado. Leio duas páginas e o barulho se torna insuportável. Olho para o corredor e a vejo.
Sim, era a Miranda. Cabelo loiro virgem e comprido, olhos doces, roupas limpas e um sorriso extremamente encantador. Não a vejo no final da palestra, as férias chegam e o segundo semestre começa. Primeira aula, segunda classe: Miranda. É claro que eu sorri. Pensei que por traz daquela perfeição física haveria um pouco de inteligência. Como é triste ter que falar que o meu conceito "pessoas exageradamente bonitas não são inteligentes" nunca poderá ser mudado. Miranda abriu a boca apenas no final da aula, meias palavras, achei estranho.
Procurei seu nome na comunidade da faculdade e encontrei. Ela tem fotos semi-nuas no orkut, escreve "quem eu sou" em rosa com erros ortográficos que dão pontadas no coração além de ter uns recados de vadia.
Desisti da Miranda. Na mesma turma da aula de segunda, apareceu uma Gabriela. Gabriela, morena, baixinha, magra, moletons de caveiras e inteligente. Desafia a professora, canta durante a aula e senta com a menina da boina. Começo a observá-la. Três semanas depois descubro que no semestre passado ela era patricinha, usava rosa e falava enrolado. Na semana passada ela começou a namorar um cara que usa moleton dos Backyardigans, o mesmo que eu pensava ser homossexual.

Desisto.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Talvez seja por isso que eu odeie novelas.

Coincidência ou não, desde que comecei a pintar o cabelo surgiram novelas e eu era sempre acusada de copiar os figurinos (cabelos, ok).
Na sétima série, depois de ter feitos luzes e etc e tal, resolvi pintar as pontas do cabelo de vermelho. Não lembro, de fato, o porquê. Dois meses depois estreou a novela "Alegrifes e Rabujos" (sim, pesquisei no google, claro que eu não ia lembrar o nome). A protagonita tinha as pontas do cabelo pintadas de vermelho. Logo todo mundo começou a me chamar pelo nome dela (que eu não lembro) e a dizer que eu tinha "copiado" o seu cabelo. Não apenas conhecidos me chamavam pelo nome dela, mas desconhecidos que nunca tinham me visto antes mexiam comigo na rua.


Desisti. Era muito esgotante ficar tentando explicar para as pessoas que eu.não.tinha.copiado.o.cabelo.de.uma.pirralha, sem contar as discussões com desconhecidos. Aí na oitava série resolvi pintar a parte de baixo do cabelo e a franja de preto. Tudo ótimo nos primeiros meses. Foi aí que a Avril Lavigne resolveu aparecer com o cabelo "parecido". E claro que novamente eu tive a fama de "sem criatividade", ainda mais porque eu gostava dela, na época. Foi um tanto pior do que na vez anterior.


Meu cabelo ficou assim durante uns quatro meses, no máximo. Não sei da onde surgiu a vontade (ou a ideia) de pintar a franja de vermelho. Isso faz quatro anos, já. Bem, eu pintei. Na época não existia atriz ou cantora que pudessem me comparar. Foram meses tranquilos, onde eu não tive fama nenhuma de cópia. Foi aí que estreou "Rebelde". E não sei da onde tiraram que meu cabelo era parecido com o da Roberta (ou vice-versa). Minha franja era vermelha, ela tinha apenas umas mechas estranhas que nem de longe lembravam de mim. Triste e catastrófico. Eu odiava Rebelde.


No ano seguinte, quis mudar. É que toda vez que o ano começava eu tinha que mudar o cabelo. Mania. Pintei todo o cabelo de vermelho. A Roberta também resolveu mudar e pintou o cabelo de vermelho. O tom era diferente, mas mesmo assim insistiram. Eu era a Roberta da escola, do bairro, da cidade. Desconhecidos me chamavam de Roberta e eu tinha que engolir isso ou jogar um tijolo na cabeça de alguém.


Logo voltei pra minha franja vermelha e pro meu cabelo castanho normal. Já que a Roberta estava com o cabelo todo vermelho, pelo menos ninguém mais ia me "confundir com ela".
Eu podia dizer que depois disso veio a época dos "emos", mas realmente não estou com vontade de falar sobre isso ou pesquisar fotos deles. Enfim, já são quatro anos com o cabelo assim, não mudei mais e sou muito feliz. Posso dizer que no ensino médio umas vadias resolveram copiar o meu cabelo, mas não vale a pena. Um beijo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A menina que parecia a Amélie Poulain cortou o cabelo que nem o da Amélie Poulain. Mas tudo o que ela consegue parecer, agora, é um travesti.
Por que, diabos, ela se acha tão superior? Ontem estava com um sapato tão horrível que meus olhos doeram. Acho que ela é uma vadia. Pronto, falei.

Colheita feliz me deixou infeliz.

Quarta, eu super concentrada estudando no ônibus, indo pra faculdade, tive que ouvir a seguinte conversa (trecho):
-É, precisei de três dias pra ganhar uma plaquinha.
-Tem que colher todo dia né? Tenho melões e mais uns legumes lá.
-Tem que colher todo dia sim, alguns legumes demora mais tempo pra se conseguir.

Pessoas de 30 anos falando de colheita feliz indo pra faculdade. E isso foi metade do caminho. Achei que ia surtar. Acabei por não conseguir estudar. Aquilo realmente mexeu comigo. Onde está a dignidade das pessoas?

E eu que tinha vergonha do meu sanduíche de atum.

Esses dias, voltando da faculdade, estavam comendo umas bolachas nos bancos de trás do ônibus. Aí um dos garotos fala:
-Uma vez eu trazia bife pra faculdade. Mas tinha que ser uns dois, três, senão nem matava a fome.
Eu levo sanduíche de atum de vez em quando e sinto vergonha. Depois dessa nunca mais vou ter vergonha. Não que eu tenha algum tipo de preconceito com quem leva bife pra faculdade, sabe. É que é tão... er, isso mesmo.

Ela.

Terça eu sentei do lado da menina bonitinha. Achava que ela me esnobava apesar de ter elogiado meus desenhos na primeira vez em que sentei do seu lado.
Disse que a cortina sempre a irritou em todas as vezes que em sentou do lado da parede. Então ela abria a janela e jogava a cortina pra fora. "É que fica batendo na minha cabeça, sabe."
Contou que gosta de frio. Eu gosto, também, mas nem quis falar. Queria apenas ouvi-la. Seu cabelo preso num rabo -rabinho, pra falar a verdade. Sua blusa de malha cinza. Quase lhe disse que tenho uma parecida. Mas não falei nada, apenas sorria a cada comentário seu.
Depois veio a prova e no instante em que acabei ela também acabou. Não saímos juntas da sala. Ela ficou. Ainda bem, tive medo de que ela me perguntasse algo e eu não soubesse responder.

Ela é a verdadeira menina que me causa nostalgia. Mas só de costas. De frente ela parece tão... real.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ontem eu estava no ônibus, voltando da faculdade, e atrás de mim três pessoas conversavam sobre ganhar na mega-sena. O engraçado é que eu NUNCA me imaginei rica, NUNCA imaginei o que eu faria se tivesse muito dinheiro. Aí um falou que não iria contar pra ninguém. Eles ficaram falando disso muito tempo e eu decidi tentar pensar o que eu faria se tivesse dinheiro. Mas eu não conseguia pensar em nada. Acho que é porque no fundo eu não tenho ambição.
No final me restringi a isso:
1- ver o meu amor o mais depressa possível.
2- comprar todos os livros que eu quero.
3- viajar com o meu amor até enjoar.
4- comprar uma vaca.
5- comprar uma fazenda pra criar minha vaca.
6- gastar todo o dinheiro com coisas bobas, ficar pobre e escrever um livro.
Eu acho que não iria me deter nessas questões sociais. Meu egoísmo anda falando mais alto ultimamente.

É.

Quarta-feira eu cheguei na faculdade morrendo de fome e decidi ir naquelas máquinas de café e pegar um. Do lado tinha uma outra com salgadinhos. Coloquei minha moedinha de um real e nada. Apertei o botão e nada. Ela COMEU a minha moeda. Vadia! Tom ei meu café e passei fome. Quando cheguei na sala o professor estava entregando os trabalhos da aula passada. No meu estava estava escrito um REFAZER. Sim, eu entrei em desespero. Primeiro porque eu tinha demorado SÉCULOS pra escrever aquele maldito trabalho, espremendo as ideias até a última gota. Segundo porque eu NÃO VOU TER O QUE REESCREVER, NÃO VOU TER TEMPO E NEM VONTADE. Dois minutos depois descubro que há um trabalho para ser apresentado na próxima aula e eu nem sei por onde começar. Ótimo.


Mas eu tenho que falar da menina que parece (ou pelo menos parecia) a Amélie Poulain. Eu nunca tinha visto ela com o cabelo preso. Ontem ela estava com ele preso e parecia um travesti. Não que eu a achasse bonita com o cabelo solto, mas ontem várias coisas se revelaram. Ela é o tipo de pessoa que se acha superior, faz beiço e franze as sobrancelhas quando alguém faz uma pergunta repetitiva ou boba. Senta na frente, na sala, com as pernas cruzadas e o batom rosa perfeitamente passado nos lábios. Ela deve se achar muito inteligente. Talvez seja. Mas eu estou pouco me lixando se ela é ou não. Ando preferindo as pessoas menos intligentes. Elas sãos mais felizes, não ficam julgando todo mundo e nem são arrogantes. E, talvez o mais importante, fazem com que eu me sinta bem. Dificilmente eu me sinto bem do lado de uma pessoa inteligente, fico pensando se estou pronunciando as palavras corretamente ou se o que eu falei tem nexo. Que se d a n e.

Que viva a felicidade da ignorância.

domingo, 11 de abril de 2010

Hospital=tortura

Eu sou o tipo de pessoa que raramente fica doente ou sente uma dor muito forte. Mas quando essas coisas caem sobre mim é pra ferrar.
O fato é que quinta-feira eu senti uma picada no braço e achei que fosse de mosquito. Na sexta começou a coçar e inchou. No sábado de manhã o inchaço tinha duplicado, estava vermelho e dava até pra fritar um ovo de tão quente. Fui no posto perto da minha casa e, como eu já suspeitava, eles não fizeram droga nenhuma. Pois bem, decidi ir direto pro hospital. Esperei uma hora na recepção -isso que era com plano de saúde. O médico que me atendeu era muito novo, deduzi que fosse quase sem experiência. Ele olhou meu braço e disse "acho que deve ser de aranha, aquelas marrons". Cara, você acha que eu saí da minha casa, paguei dezoito reais pela droga da consulta pra ouvir você falar que acha? Se é pra achar alguma coisa eu posso fazer isso sozinha, em casa. Receitou-me dois remédios e disse que ia passar algo em cima da picada e que eu ia ter que ficar um tempo de observação. Só que ele não me falou que o "passar algo em cima" seria duas injeções. Fui pra sala de observação e um enfermeiro disse que uma era na nádega e a outra no braço, pediu qual eu queria fazer primeiro. Respondi que tanto fazia. Ele quis fazer na nádega. Tirei a calça e juro que não lembrava o quanto doía uma injeção na bunda. Aí então ele me mandou deitar pra fazer a injeção no braço. COMO ASSIM ELE ME MANDA DEITAR LOGO DEPOIS DE EU LEVAR UMA INJEÇÃO NA BUNDA? POR QUE ELE NÃO FEZ A DROGA DA INJEÇÃO NO BRAÇO ANTES E DEPOIS NA BUNDA? Bem, eu deitei e a cama ficava no sol. Eu já sou branca, é claro que ele não ia achar veia nenhuma com o meu braço no sol. Então ele resolveu aplicar a injeção no pulso. Era óbvio que não ia dar certo. Não deu, a veia estourou e doeu pra caralho. Ele pediu desculpa. Olhei pra ele muito séria e disse que eu tiro sangue sempre e que nunca ninguém estourou uma veia. Ele ficou mais meia hora pra achar outra veia e eu tive que ficar ouvindo piadas como "tu é tão branca que até tuas veias são brancas", "alguém já te disse que teu cabelo tá pegando fogo?" e "meu deus, como tu é sardenta, não pode ficar no sol". É cara, tu que me colocou no sol. Depois de ele ter feito as duas injeções me mandou sentar no corredor, disse que eu ia ficar um pouco cansada e sonolenta. Eu sentei e comecei a ficar tonta e tudo foi ficando preto e, obviamente, era o início de um desmaio. Não tinha ninguém no corredor. Eu levantei a cabeça e respirei o ar do hospital fingindo que era um ar puro. Deve ter funcionado porque logo passou. O mesmo cara das injeções veio e tirou minha pressão e mediu minha glicose. Ambas estavam baixas. Ele saiu e me deixou mais uma vez no corredor. Comecei a tremer. Veio uma enfermeira e me trouxe um chá terrivelmente quente e doce que eu quase derramei na minha roupa. Bebi. Mais vinte minutos e o cara passa pelo corredor e diz que já vão medir minha pressão e glicose de novo. Mais vinte minutos se vão e passa a enfermeira e diz que já vai medir. Mais vinte minutos. A mulher mede e diz que ambas subiram mas que eu tenho que esperar o médico. Vinte minutos. O médico vem e diz que a picada desinchou e que eu posso ir pra casa. Era mentira, não tinha desinchado porcaria nenhuma, mas é claro que eu concordei, queria ir pra casa.
Voltei pra casa, almocei e deitei. Caí no sono antes de completar um pensamento. É, ainda bem que o cara disse que eu ia ficar um pouco cansada e sonolenta. Já pensou se ele tivesse dito muito?

Hoje acordei com sono e a picada está melhor. Nunca mais vou pra hospital, meu pulso está roxo, minha bunda dói e meu braço continua duro.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Meu primeiro dia de trabalho.



Fato 1
Eu, sozinha no escritório, super concentrada no meu jogo de cartas no computador e aí aparece, do nada, um cara:
-Onde fica o jornal informante?
-Não sei
-A redação? Tu não sabe?
-Não ._.
-Aqui é o bairro Planalto?
-Não seeeeei.

O cara sai brabo. Mas que obrigação eu tenho de saber essas coisas?

Fato 2
Fiz uma cagada no trabalho, literalmente. Fazia três dias que eu não fazia o número dois. E aí veio a dor de barriga e eu não pude segurar. O cheiro não ficou agradável (quem é que faz cocô com cheiro bom?) e provavelmente meu chefe sentiu e deve ter pensado que, sei lá, era meu primeiro dia né, eu podia ter segurado...

Fato 3
17:30 eu saí e tinha que andar meio quilômetro pra pegar o ônibus pra faculdade. Eu recém tinha saído do trabalho e, quando olhei pra cima, vi um arco-íris no meio daquele céu azul e com sol. Aí pensei "como assim um arco-íris se nem choveu?" É, no mesmo instante começou a chover...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

1º de abril.

Ano passado minha mãe me dava todo mês o dinheiro pra pagar a escola. Eu guardava pra ir pra São Paulo. Não paguei uma mensalidade sequer (estudava em escola estadual então tanto fazia), mas dizia pra minha mãe que pagava (é, eu sei, muito feio). Era por uma causa justa.
Aí ontem minha mãe chegou pra mim e disse que precisava que eu ligasse na escola e pedisse o comprovante dos pagamentos das mensalidades pra declarar seiláoquê. Eu não liguei, é claro. Mas aí ela mesma resolveu ligar e pediu pra minha dinda passar lá esta tarde e pegar o tal comprovante. Minha dinda foi e, obviamente, a mulher da secretaria falou que eu não havia pago nenhuma mensalidade.
Sabendo que o melhor a fazer era contar a verdade, liguei pra minha mãe.
Eu: mãe, então, a dinda foi lá e a mulher disse que eu não paguei nenhuma mensalidade.
Ela: como assim?
Eu: pois é. É que eu guardava o dinheiro pra ir pra São Paulo.
Ela: hahaha, 1º de abril, sim, eu sei, agora pode contar a verdade.
Eu: mas eu tô contando a verdade!
Ela: HAHAHAHAHAH, que engraçado, mas me fala, o que aconteceu?
Eu: mãe, foi isso mesmo.
Ela: à noite conversamos.
Ela chegou em casa e disse que tinha confirmado com a minha dinda e que eu realmente nunca paguei. Meia hora de lição de moral e fim.

Um 1º de abril nunca teve uma mentira tão verdadeira na minha vida.
Ontem eu cheguei na sala de aula e sentei no fundo, do lado menina que me causa nostalgia. Ia ter filme. Eu nunca tinha falado com ela.
Ela: que lindo teu fichário.
Eu: obrigada *fazendo cara de simpática*
Ela: tu que fez?
Eu: sim *tiro meu caderno da faculdade igualmente encapado como o fichário com recortes de revistas*
Ela: nossa, esse também?
Eu: haha, esse também...
Ela: tu é muito estilosa, sabia? Eu não sei fazer nada, n-a-d-a mesmo. Todo mundo sabe fazer um monte de coisinhas bonitinhas e eu n-a-d-a.
Fiquei com pena dela. Não que eu realmente acreditei que ela não sabe fazer nada, mas enfim, ela me olhou com olhos tão... tristes.
Aí começou o filme e de vez em quando ela soltava uns comentários que eu não ouvia porque eles eram tão baixinhos, mas eu sabia que eram direcionados a mim.
Na hora do intervalo fui até a biblioteca e, sério, do que adianta ter a maior biblioteca da América Latina se em meia hora eu não consigo encontrar UM maldito livro? Cheguei atrasada pra aula e logo ela acabou. Novamente fui à biblioteca, dessa vez com essa menina que me causa nostalgia e mais uma outra menina que sempre senta do meu lado. Procuramos mais meia hora pelo livro e NADA. Comecei a ficar com raiva. Cheguei pra mulher que cuida do andar onde estávamos e falei que não conseguia achar. Ela, com toda a calma do mundo e sem simpatia alguma, olhou para mim e disse:
-Tem que selecionar UNISINOS quando se faz a busca no computador.

Não sei se a idiota fui eu por não ter pedido antes ou eles por não explicarem pros calouros como se faz a droga de uma pesquisa (é bem complicada, mesmo)

Ah, quando pesquisei novamente, dessa vez selecionado UNISINOS, adivinha? O livro era de outra biblioteca.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Eu rabiscando meu caderno, ontem, durante a aula. Frases perdidas e desenhos repetidos. Alguém me olhando do canto da sala de aula, outro tentando compreender os desenhos, outra falando do filme da Alice e eu morrendo de sono. Às vezes me irrita o fato de que estou pagando pra alguém me ensinar a escrever. Eu não quero que me ensinem a escrever, que me digam que eu não posso usar adjetivos ou que faltou vírgulas no meu último texto. Que se dane. O texto é meu, as palavras são minhas e não tem o que discutir.
Até que em algumas aulas dá pra tirar proveito de certas coisas, mais nas aulas de quinta quando o assunto é português.
Quanto as aulas de quarta, pelo amor de Deus, o que vai mudar ficarmos falando TODAS as aulas sobre a América Latina? O mundo não vai mudar, a economia não vai melhorar, as pessoas daqui não vão deixar de ir pros Estados Unidos. Então, pra que, me diz? Só ficamos remoendo como nosso país é tolo e as pessoas são mais tolas ainda.

Bem, o fato é que ontem eu estava lá na aula e tive que sentar com a garota da minha frente. Ela é completamente estranha, peluda e o cabelo dela é tão grande e armado que me dá medo. Sentei do lado dela e ela começou a puxar assunto (eu não sou o tipo de pessoa que aguenta muito tempo ficar inventado assunto). Ela falava e falava e falava e eu sentia um cheiro estranho e fiquei me perguntando da onde vinha. É, pois é, da boca dela. E ela não parava de falar, e eu não aguentava mais. Virei o rosto e fingi que estava prestando atenção na aula. Não foi um ato maldoso da minha parte, é que eu já não aguentava mais, juro.

Hoje tem essa aula da América Latina, vamos assistir um filme sobre a América Latina. Certamente eu vou dormir, estou morrendo de sono. Não vou beber café.

domingo, 28 de março de 2010

Segunda aula de português.

Eu de óculos e agarrada nos meus cadernos como uma perfeita nerd. Estávamos esperando a porta da sala de aula ser destrancada.

Garota do cabelo vermelho: oi
Garoto da camiseta de banana: oi
Garota do cabelo vermelho: tô aqui desde às duas da tarde.
Garoto da camiseta de banana: fazendo o quê?
Garota do cabelo vermelho: era pra fazer um trabalho mas acabei bebendo... até agora.
Garoto da camiseta de banana: é, faculdade é pra essas coisas...
Garota do cabelo vermelho: não sei como tem gente que vem aqui pra estudar...

Quarta aula de português.

Professora corrigindo as redações. Em uma delas há um "derrepente", "a" quando o correto seria "há" e "porque" em frases interrogativas.

Garota do cabelo vermelho: aah professora, vou ser bem sincera, eu não sei NENHUMA regra de português.

OBS: estávamos em uma aula de português na FACULDADE. Como assim ela não sabe nada?

Minha vontade foi de olhar pra ela e falar: Claro que tu não sabe, faculdade é pra beber né? Como é que tu vai saber? Idiota.
Mas não falei, preferi evitar uma possível briga física. Nunca se sabe do que esse tipo de pessoa é capaz.