domingo, 11 de abril de 2010

Hospital=tortura

Eu sou o tipo de pessoa que raramente fica doente ou sente uma dor muito forte. Mas quando essas coisas caem sobre mim é pra ferrar.
O fato é que quinta-feira eu senti uma picada no braço e achei que fosse de mosquito. Na sexta começou a coçar e inchou. No sábado de manhã o inchaço tinha duplicado, estava vermelho e dava até pra fritar um ovo de tão quente. Fui no posto perto da minha casa e, como eu já suspeitava, eles não fizeram droga nenhuma. Pois bem, decidi ir direto pro hospital. Esperei uma hora na recepção -isso que era com plano de saúde. O médico que me atendeu era muito novo, deduzi que fosse quase sem experiência. Ele olhou meu braço e disse "acho que deve ser de aranha, aquelas marrons". Cara, você acha que eu saí da minha casa, paguei dezoito reais pela droga da consulta pra ouvir você falar que acha? Se é pra achar alguma coisa eu posso fazer isso sozinha, em casa. Receitou-me dois remédios e disse que ia passar algo em cima da picada e que eu ia ter que ficar um tempo de observação. Só que ele não me falou que o "passar algo em cima" seria duas injeções. Fui pra sala de observação e um enfermeiro disse que uma era na nádega e a outra no braço, pediu qual eu queria fazer primeiro. Respondi que tanto fazia. Ele quis fazer na nádega. Tirei a calça e juro que não lembrava o quanto doía uma injeção na bunda. Aí então ele me mandou deitar pra fazer a injeção no braço. COMO ASSIM ELE ME MANDA DEITAR LOGO DEPOIS DE EU LEVAR UMA INJEÇÃO NA BUNDA? POR QUE ELE NÃO FEZ A DROGA DA INJEÇÃO NO BRAÇO ANTES E DEPOIS NA BUNDA? Bem, eu deitei e a cama ficava no sol. Eu já sou branca, é claro que ele não ia achar veia nenhuma com o meu braço no sol. Então ele resolveu aplicar a injeção no pulso. Era óbvio que não ia dar certo. Não deu, a veia estourou e doeu pra caralho. Ele pediu desculpa. Olhei pra ele muito séria e disse que eu tiro sangue sempre e que nunca ninguém estourou uma veia. Ele ficou mais meia hora pra achar outra veia e eu tive que ficar ouvindo piadas como "tu é tão branca que até tuas veias são brancas", "alguém já te disse que teu cabelo tá pegando fogo?" e "meu deus, como tu é sardenta, não pode ficar no sol". É cara, tu que me colocou no sol. Depois de ele ter feito as duas injeções me mandou sentar no corredor, disse que eu ia ficar um pouco cansada e sonolenta. Eu sentei e comecei a ficar tonta e tudo foi ficando preto e, obviamente, era o início de um desmaio. Não tinha ninguém no corredor. Eu levantei a cabeça e respirei o ar do hospital fingindo que era um ar puro. Deve ter funcionado porque logo passou. O mesmo cara das injeções veio e tirou minha pressão e mediu minha glicose. Ambas estavam baixas. Ele saiu e me deixou mais uma vez no corredor. Comecei a tremer. Veio uma enfermeira e me trouxe um chá terrivelmente quente e doce que eu quase derramei na minha roupa. Bebi. Mais vinte minutos e o cara passa pelo corredor e diz que já vão medir minha pressão e glicose de novo. Mais vinte minutos se vão e passa a enfermeira e diz que já vai medir. Mais vinte minutos. A mulher mede e diz que ambas subiram mas que eu tenho que esperar o médico. Vinte minutos. O médico vem e diz que a picada desinchou e que eu posso ir pra casa. Era mentira, não tinha desinchado porcaria nenhuma, mas é claro que eu concordei, queria ir pra casa.
Voltei pra casa, almocei e deitei. Caí no sono antes de completar um pensamento. É, ainda bem que o cara disse que eu ia ficar um pouco cansada e sonolenta. Já pensou se ele tivesse dito muito?

Hoje acordei com sono e a picada está melhor. Nunca mais vou pra hospital, meu pulso está roxo, minha bunda dói e meu braço continua duro.